terça-feira, 17 de junho de 2014

Como estudar Linguagens, Códigos e suas tecnologias? Guia do estudante dá a dica!

Os temas mais recorrentes
Os assuntos que mais aparecem nas questões do Enem desde 2009
Interpretação de texto
Gêneros textuais
Norma culta e popular
Funções da linguagem
Figuras de linguagem
Literatura
Gramática relacionada à semântica
Se você ler atentamente qualquer uma das provas anteriores do Enem, vai perceber que a maior parte das questões, de todas as matérias, depende de uma boa capacidade de interpretação de texto e leitura. Na prova de Linguagens, essa habilidade é, sem comparação, a mais importante e a mais abordada.De acordo com a professora Fernanda Carvalho Bomfim, do Cursinho do XI, o estudante deve focar a atenção nas figuras de linguagem, em ambiguidade, intertextualidade, síntese e resumo, além de literatura e gêneros textuais.
Importante: é válido ficar atento aos conceitos de denotação e conotação, que costumam ser cobrados e podem confundir o aluno.
Denotação: quando a palavra apresenta o sentido original, sem levar em consideração o contexto da frase, ou seja, tal como aparece no dicionário.
Conotação: quando a palavra aparece com significado, passível de interpretações que dependem do contexto em que está aparecendo.

O Enem não costuma trazer grandes novidades na prova de Linguagens, mas a dica da professora Fernanda é que o aluno fique atento à importância dada ao estudo de um segundo idioma, devido à chegada de turistas estrangeiros pela Copa do Mundo. “É possível que a velha discussão sobre o descaso com a Língua Portuguesa venha à tona, porque, em geral, muitos brasileiros consideram mais importante estudar uma língua estrangeira do que a materna”, diz.


Sobre as questões de Literatura, Fernanda recomenda que o aluno saiba relacionar os movimentos com seus equivalentes em outras artes. “Essas questões costumam apresentar obras de artistas plásticos do modernismo brasileiro e das vanguardas europeias, como Pablo Picasso, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Cândido Portinari. É importante pesquisar esses movimentos artísticos”, ressalta




Além disso, outro assunto que pode ser cobrado é o novo acordo ortográfico. As regras não serão exigidas na prova, uma vez que o prazo de implementação do acordo foi estendido até o dia 31 de dezembro de 2016. No entanto, é provável que o tema caia na prova. “Como no exame de 2010, é possível que haja questões de interpretação referentes ao acordo apenas para verificar se o candidato está atualizado”, pontua Fernanda.




Línguas estrangeiras
O idioma da prova de língua estrangeira é selecionado pelo candidato no ato da inscrição, sendo possível a escolha entre inglês ou espanhol. São apenas 5 questões, dentre as 45 da prova de Linguagens, e todas possuem um texto nessa língua, com a pergunta e as respostas em português. A prova, em si, consiste basicamente em questões de interpretação de texto, geralmente menos complexas que a prova de Português.
De acordo com o professor Leonardo Braga Scriptore, do Cursinho do XI, as questões de língua estrangeira costumam cobrar textos mais sérios sobre algum assunto em pauta na política. “Isso facilita o trabalho do estudante, porque assuntos mais sérios podem ser mais objetivos e precisos na hora de ler”, diz.
Neste tópico, o professor indica que uma boa pedida para quem precisa treinar o domínio da língua é ler bastantes notícias de sites, como o Newsweek, o Breaking News English e a página da BBC.
Temas tradicionais, como gramática, tempos verbais, formação de advérbios e outros recursos de linguagem também costumam ser cobrados.


A prova de língua estrangeira do Enem também nunca deixa de cobrar interpretação de texto em charges e letras de música, que costumeiramente vêm acompanhadas de linguagem coloquial e duplo sentido. Em questões com charge ou tirinha, normalmente o exame pede que o aluno explique a piada, o que pode gerar confusão na hora de interpretar o fator que provoca o humor.



Importante: Para este tipo de questão, o professor Leonardo recomenda que o aluno entre em sites de humor e procure entender a linguagem dos memes, que tem grandes chances de aparecer no exame, visto a grande popularidade na internet e redes sociais.

Exemplo (retirado do Enem 2012)
 
Leonardo aponta também que estudar outras matérias em inglês ou espanhol antes de estudar em português pode ajudar a aperfeiçoar a compreensão do texto. “Por exemplo, se for estudar Revolução Francesa, abra antes o artigo em inglês da Wikipédia sobre o assunto e tente ler para ver o quanto você consegue absorver do texto”, explica.

domingo, 8 de junho de 2014

5 Filmes brasileiros que oferecem uma visão crítica da margem

1 - Carandiru



 Carandiru é um filme brasileiro de 2003, do gênero drama, dirigido pelo argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco.
O filme é uma superprodução baseado no livro Estação Carandiru, do médico Drauzio Varella, onde ele narra suas experiências com a dura realidade dos presídios brasileiros em um trabalho de prevenção à AIDS realizado na Casa de Detenção.
O filme ostenta cenas nas quais se percebe que os vilões (os presos), são os mais inocentes quando se inverte a história do drama e a percepção do senso comum.
Na verdade, o interessante é o paradoxo enorme que se pode notar em uma parte do filme.
A revolta dos presos contra "mastigados e enlatados" é vista como rebeldia pelos policiais. Eles eram presidiários, porém nunca deixaram de ser humanos.Tiveram sempre uma vida miserável e estando ali trancados naquele presídio, não era de se assustar ao surgimento de uma rebelião.
O absurdo foi o desarmamento dos presos e o sucessivo extermínio daqueles que estavam fora de suas celas.
O filme mostra a faceta da desordem de nossa opinião sobre aquilo que deveria ser relativizado: Os vilões serão sempre os bandidos? A justiça foi muito dissonante diante dos fatos ocorridos.
Incredulamente aceitável, mas convictamente dizendo, é interessante a vergonha que a nós se desfere quando vemos que dois animais de espécies diferentes podem se entender entre si, enquanto nós humanos, apenas procuramos mais e mais motivos para rotular as outras pessoas, descriminando muitas delas. Queremos ser superiores aos demais.
Extremamente complexo é ver casos em que os que merecem justiça, acabam sendo injustiçados. Talvez não só no Brasil, mas de justos injustos o mundo está cheio.
Tudo está ligado a tudo. "A verdadeira culpa, como na piada, é da sociedade".
2 - Cidade Baixa

Mais do que a história do triangulo amoroso, vale pautar o contexto e o convívio dos expectadores no ambiente em que vivem; na maior casa de prostíbulos de Salvador. As condições precárias, insanidade, doenças que se proliferam fornecem uma alta reflexão sobres as condições que vivem a camada mais baixa da nossa sociedade.
É um triângulo amoroso entre uma prostituta e dois homens que fazem transporte marítimo. Eles seguem para a Cidade Baixa de Salvador. Entre as dificuldades de relacionamento, o filme mostra o cotidiano das pessoas dessa região. Fala de pobreza, drogas, prostituição e violência.
Deco (Lázaro Ramos) e Naldinho (Wagner Moura) se conhecem desde garotos, sendo difícil até mesmo falar em um sem se lembrar do outro. Eles ganham a vida fazendo fretes e aplicando pequenos golpes a bordo do Dany Boy, um barco a vapor que compraram em parceria. Um dia surge Karinna (Alice Braga), uma stripper que deseja arranjar um gringo endinheirado no carnaval de Salvador a quem a dupla dá uma carona. Após descarregarem em Cachoeira, Deco e Naldinho vão até uma rinha de galos. Naldinho aposta o dinheiro ganho com o frete, mas se envolve em confusão e termina recebendo uma facada. Deco defende o amigo e ataca o agressor, mas os dois são obrigados a fugir no barco, pois Naldinho está ferido. Na fuga, Karinne ajuda a dupla e vai com eles rumo a Salvador. Enquanto Naldinho se recupera, Deco tenta conseguir dinheiro para ajudar o amigo. Aos poucos a atração entre eles cresce, criando a possibilidade de que levem uma vida a três.

3 - Tropa de Elite I e II


O filme Tropa de Elite é uma obra que descreve fatos ocorridos na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro na década de 90, durante a visita que o Papa João Paulo ll realizou a Capital Carioca. Sua narrativa é intensa em sua descrição da realidade diária da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro – PMERJ, totalmente paltada em situações que, segundo o autor, baseiam-se em relatos de fatos reais, que lhe foram feitos por Policiais Militares. O personagem central da trama é um Capitão PM do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), Tropa de Elite da Policia Militar carioca, considerada internacionalmente como a melhor força de Combate Urbano do Mundo. A narrativa é intensa e gira em torno do personagem central o Capitão Nascimento, que motivado pelo nascimento de seu filho resolve deixar as atividades do Batalhão, mas para isto é necessário que ele encontre um substituto que tenha os seus ideais de honra e profissionalismo. Contudo, em uma polícia permeada pela corrupção, esta busca acaba se transformando em uma missão quase impossível. Finalmente, ele encontra dois jovens Aspirantes a Oficial, que se enquadram nas características necessárias em um Policial Militar do BOPE da PM do Rio de Janeiro, estes Aspirantes, por força do destino, acabam sendo conduzidos ao Curso de Operações Especiais que é coordenado pelo Capitão Nascimento.
O filme além de fazer uma crítica a corrupção da polícia carioca, também mostra a hipocrisia da classe média, representa por estudantes universitários, que criticam a violência policial, mas, no enredo do filme - que não está longe da realidade da sociedade carioca – estes mesmos estudantes, realizam o consumo e o tráfico de drogas nas festas estudantis e na própria universidade, e assim favorecendo a violência urbana carioca. Tropa de Elite é uma obra de ficção que expõem as entranhas de uma corporação policial que existe no Brasil a duzentos anos (Criada em 1808 por D. João VI). A PMERJ tem em seus quadros muitos policiais honestos e valorosos, contudo, os maus policiais existem, como em qualquer organização policial no mundo, e estes policiais corruptos é que são denunciados no filme. 

4 - Cidade de Deus


O drama nos apresenta o Brasil visto atráves do mundo da favela Buscapé, jovem negro, fotógrafo do Jornal do Brasil, morador da favela Cidade de Deus, narra a evolução desta favela do Rio de Janeiro, através da trajetória de Dadinho, depois Zé Pequeno e seus comparsas. Das origens na década de 1960, com o surgimento da primeira gang de assaltantes, até primórdios dos anos de 1980, onde o grande negócio é boca de fumo e narcotráfico, acompanhamos o desenvolvimento da marginalia da favela Cidade de Deus.
O filme apresenta a vida nas favelas como de fato ela é,a violência,as fortes cenas de criminalidade,uma verdadeira guerra cívil,onde crianças se sentem orgulhosas em cometer crimes,,podemos observar isso no personagem de Zé Pequeno,que desde criança apresenta uma personalidade cruel,uma dura realidade social brasileira.

sábado, 31 de maio de 2014

Uma lista de grandes romances da geração de 30. Érico Veríssimo, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado, Amando Fontes, Dyonélio Machado e Cyro dos Anjos.

1. O Tempo e o Vento – Érico Veríssimo

Érico Veríssimo

Érico Veríssimo criou o maior épico brasileiro escrito até hoje. O Tempo e o Vento narra nada menos que duzentos anos da história do Rio Grande do Sul – e, por que não, do país. Da chegada dos primeiros habitantes ao estado até a derrocada das velhas famílias estancieiras representadas pelos Terra-Cambará, vemos passar uma galeria de personagens apaixonantes. Temos Ana Terra e Bibiana, mulheres fortes em meio a um mundo de homens hostis; temos Capitão Rodrigo, uma mistura de galã e aventureiro, cativante como só ele pode ser. Há guerras – muitas guerras – e passagens marcantes dessa história de formação de um estado marcado por homens que morreram à toa e mulheres que sofreram por eles.

2. A Bagaceira – José Américo de Almeida

Jose-Américo-de-Almeida
José Américo de Almeida
O primeiro dos romances de 30 foi publicado em 1928. Nele podemos encontrar boa parte do que seriam as características de uma geração: o foco numa região periférica do país; e a mostra da violência das velhas elites que viam seu entardecer logo ali. José Américo nos apresenta uma família de retirantes que vai morar em um engenho e as consequências da relação entre o filho do senhor do engenho, Lúcio, e da filha do sertanejo, Soledade. Com muito sangue e violência, vemos os rígidos códigos de sertanejo sendo aplicado a todos, doa a quem doer.

3. O Quinze – Rachel de Queiroz

 Um romance de paradoxos: se por um lado, é o romance menos inventivo do ponto de vista técnico (poderia se dizer que é um romance do século passado), por outro é extremamente moderno em sua temática. Ao narrar a história de Conceição, personagem central da obra, Rachel de Queiroz, no auge dos seus vinte anos, dá um final surpreendente para uma mulher em meio a uma sociedade patriarcal e machista da época. Também inovou ao mostrar as mazelas proporcionadas pela seca no nordeste – algo, pelo incrível que pareça, quase totalmente ignorado pela maioria dos romancistas anteriores. Instigante, é o primeiro e melhor romance da autora.


4. São Bernardo – Graciliano Ramos

 Poderíamos dizer muitas coisas sobre esse romance: que fala sobre a ascensão e queda de Paulo Honório, que fala dos ciúmes doentios de um homem, que é um romance de fina análise psicológica de tradição machadiana. Não adianta, tentar encaixar Graciliano Ramos em poucas palavras, é covardia, afinal ele joga com tantos níveis ao mesmo tempo nesta narrativa da fazenda São Bernardo que a única coisa que podemos dizer é: leiam, por favor, leiam!

5. Fogo Morto – José Lins do Rego

Romance único não só na sua própria obra como também na sua geração. Não que conte algo de novo, pois a história, como em outros livros dessa lista, é sobre a derrocada de um antigo coronel. No entanto, a forma como é feita, dando o foco narrativo a três personagens diferentes, dá ao romance uma construção impar. Do Mestre José Amaro até o Capitão Vitorino, José Lins nos apresenta a derrocada inevitável de um mundo frente à modernidade, aproveitando para nos mostrar a derrocada social e psicológica do Coronel Lula de Holanda. Vale ainda uma grande ressalva ao melhor dos personagens do autor: Capitão Vitorino. De percepção limitada e sentimentos nobres, é o melhor personagem de cunho quixotesco que temos em nossa literatura.

6. Terras do Sem Fim – Jorge Amado

Jorge Amado
 Como muitos dos romances de Jorge Amado, este também virou novela. Há, entretanto, algo de diferente nessa história. Não é a Bahia gostosa dos seus romances mais tardios, muito menos a denúncia da vida sofrida das camadas mais baixas. Jorge Amado nos brinda com um épico sobre a tomada do Sequeiro Grande e a luta de dois clãs, o de Horácio e o dos Badarós, para tomar as melhores terras para o plantio de cacau. Temos de tudo um pouco no meio do caminho: tocaias, incêndios, traição e muito mais. Romance único na obra do autor, temos uma aventura impar sobre o auge da era do cacau e uma terra adubada de sangue.

7. Os Corumbas – Amando Fontes

Oswald de Andrade disse que ficava sem ar ao ler a vida sofrida e miúda d’Os Corumbas, e não é para menos. Nesse primo pobre do romance de 30, Amando Fontes mostra a vida da família título ao se mudar do sertão para a cidade, revelando o movimento migratório clássico que estava começando no país e os problemas que os pobres passavam nessa passagem. Se você quer encontrar felicidade, não leia este romance, pois a única coisa que encontrará vai ser a vida desgraçada desses imigrantes.

8. Os Ratos – Dyonélio Machado

Naziazeno é o pior personagem da Literatura Brasileira, talvez esteja aí o grande êxito da obra. É difícil de acreditar que Dyonélio Machado construiu esse magnífico romance psicológico partindo de um mote tão banal: a busca de dinheiro de um homem para pagar a conta do leiteiro. No meio de idas e vindas de Naziazeno, sofremos junto com ele – sofremos tanto e tão próximos que às vezes esquecemos que não é ele quem está narrando a história. Um romance russo que se passa em Porto Alegre, mas ainda que  Naziazeno, o pobre-diabo e protagonista do romance, tivesse vivido, e sofrido, em São Petersburgo, ninguém notaria a diferença.

9. O Amanuense Belmiro – Cyro dos Anjos

 Um homem que literalmente não consegue sair do lugar, esta é a melhor descrição que podemos dar do personagem-título desse romance de Cyro dos Anjos. Ao escrever seus diários, Belmiro mostra o interior de um homem falido em todos os sentidos possíveis. Filho de uma família oligárquica arruinada, ele vai rememorar o maior amor da sua vida, Camila, com quem nada teve. Além disso, vai nutrir um amor platônico por uma mulher que abraçou por poucos instantes num baile de carnaval, sem jamais tentar algo para conquistá-la, mesmo quando um amigo lhe mostra que a moça, uma filha de família rica, é real e pode estar ao seu alcance. Nesse mundo que poderia ter sido e não foi, Belmiro vive até que decide terminar o diário que compõe o romance – talvez porque saiba que nada irá acontecer.

10. Gabriela, Cravo e Canela – Jorge Amado

Tudo bem, já tem Jorge Amado nessa lista e muitos outros autores e romances ficaram de fora (a lista é longa, admito). No entanto, não há como citar Jorge Amado sem citar esse romance. No auge da sua carreira, o autor soube se reinventar e mostrar sua tão amada Bahia por uma nova perspectiva. Não que tenha abandonado a denúncia, só que agora ela tomou cores mais tropicais, sendo mais espontânea e brasileira. O romance entre o árabe Nacib e a sertaneja Gabriela não abandona a terra do cacau, muito menos os coronéis enriquecidos com o fruto dourado, apenas mostra aquele mundo ambíguo, onde homens tinham de ser machos e dados à traição, enquanto as mulheres tinham de ser esposas ou prostitutas por uma nova ótica, mais leve e divertida – mas nunca com menos denúncia. E lá vamos nós atrás de rabos de saia, intrigas de velinhas de igreja e brigas e mais brigas como sempre. Gabriela, Cravo e Canela é Jorge Amado se reinventando – e reinventando o jeito de contar os problemas de uma geração.